O Lobo Solitário

O Lobo Solitário

quinta-feira, 20 de junho de 2013

Nunca fui bom

Não fui um bom bebe, não fui bom menino nem bom rapaz e como consequencia não sou um bom homem. Chorei todas as noites até aos dois anos, fui o mais reguila dos primos e comecei mal na escola por ser assim e assim continuei. Sempre me habituei a ralharem-me, não só os meus pais como o resto da família, várias vezes a minha mãe me disse que deixou de ir a alguns sítios e estar com outras pessoas por causa do meu comportamento, sempre fui comparado com todos aqueles que eram melhores que eu, sempre fui elogiado por não estragar os brinquedos ao contrário da minha mãe. Tenho para mim que as crianças nascem puras e que no futuro serão o resultado daquilo que delas fizerem.
Não estou a condenar a minha mãe, tenho a certeza absoluta que que fez comigo aquilo que melhor sabia e nem por um segundo pensou sequer em prejudicar-me.
Não tem sido fácil convencer-me de que não devo ser assim tão mau e que também devo fazer algumas coisas boas e úteis.
O meu filho começava na escola a dar sinais de vir a ser como eu, muitas vezes saí das reuniões a comentar com a mãe que já os meus pais tinham ouvido sobre mim o mesmo que eu estava a ouvir sobre o A., coisas que não me orgulham mas que também não me envergonham como aconteceu com os meus pais, "é um miúdo muito inteligente mas muito distraído e conversador, o que lhe afeta o rendimento escolar", estas eram as queixas cada vez mais frequentes da professora.
Não podia ser, apesar de não ter más notas devido aos esforços da mãe com os trabalhos de casa e das educadoras no colégio com a revisão das matérias, o miúdo iria ter sempre notas escolares aquém da sua inteligência e um dia seriam até más, como tal alguma coisa teria de mudar.
Decidi então procurar ajuda uma vez que não tenho nenhum curso de pai, falei com a mãe e com o colégio para onde ele e a irmã se transferiram, um colégio onde brincam muito mais e onde os recursos humanos ao que passei a saber são em maior numero e mais habilitados apesar da diretora não ser uma dondoca tiasona cheia de bons princípios de educação como no anterior, lá, teem uma uma diretora sensivelmente da minha idade um bocado amalucada e uma psicóloga infantil em final de curso que acabou por ser decisiva no que será o futuro do A. não só nos estudos como também na personalidade, a última tem também o mérito de me ter ensinado a ser melhor pai apesar de nunca ter cometido com ele os mesmos erros que cometeram comigo (provavelmente vou cometer outros).
Depois do acompanhamento e observação das caracteristicas do puto e de todos aqueles que o rodeiam, depois de discutir com professores determinados pormenores, concluiu a educadora que ele  tinha baixa auto estima, ele convenceu-se que nunca conseguiria ser como os colegas devido às constantes criticas da professora, daí o desinteresse nas aulas.
Foi-nos dito que não teria grande utilidade falar de tudo isto com a prof. porque dificilmente a senhora iria mudar a sua forma de ser e trabalhar e por outro lado poderia até sentir-se tocada no seu profissionalismo.
Ok, mas e os outros miúdos? Ná... Tive de falar com a professora, de forma superficial é certo mas falei e em casa o elogio passou a ser a regra.      
O A. é um miúdo espetacular, socializa bem com as outras crianças, é visto por algumas como um líder, é inteligente, bonito, carinhoso, sensível, tem um coração do tamanho do mundo, é uma criança que orgulha qualquer pai mas, há sempre um mas, era desatento nas aulas.
A resolução do problema passava por elogiar o empenho e as competências escolares do A., fazer-lhe ver e compreender que ele era melhor que os melhores da turma em determinadas matérias e hoje um ano e meio passado os resultados não podiam ser melhores, o A não é o melhor da turma mas também não lhe exijo tanto, é apenas um menino de nove anos com notas acima da média e que passou a gostar da escola, com virtudes (muitas) e com defeitos como qualquer ser humano. 
Recentemente fui a dois workshop no infantário dos putos sobre psicologia infantil com uma psicóloga já com alguma experiência e houve uma frase que resumiu tudo.


"É mais fácil educar uma criança que corrigir um adulto"

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