O Lobo Solitário

O Lobo Solitário

quinta-feira, 18 de julho de 2013

A mulher de César não basta parecer séria...

A Drª. Matilde e o Zé estão casados já faz uns anitos, o Zé é igual a outros tantos Zés, veste-se num estilo informal, usa frequentemente um escanhuado de três dias, tem gostos normais e tem o estranho habito de olhar pelo canto do olho para as belas mulheres que por vezes se cruzam com ele, a Drª. Matilde como Lady que é, detesta este gesto depravado do seu esposo, ela sabe muito bem que os homens, em particular os Zés não passam de uns tarados que querem é saltar pra cima das mulheres indefesas, coitadas.
A Drª Matilde é uma mulher atraente e moderna que como qualquer mulher sabe bem como se vestir para realçar os dotes quando vai para o emprego, o Zé por seu lado, tem a calça de ganga e a tshirt como roupinha do dia a dia, lá veste uma camisa ao fim de semana e um fatinho com gravata em cerimónias especiais.
 Apesar da simplicidade do Zé a Matilde vê-se obrigada a controlar constantemente o seu marido depravado, ela controla via email os movimentos do Zé no Facebook, chegando mesmo a protestar quando ele faz um like ou uma partilha mais ousada e sempre que nota nele aquele estranho hábito, faz questão de lhe chamar a atenção, se for um dia em que as hormonas estão mais agressivas amua e faz birra, ou então é apenas pela pouca falta de critério do Zé, ele olha daquela maneira para qualquer mulher que seja gostosa independentemente de ser uma Lady ou não.  
Como já foi dito, o Zé é um tipo simples, divertido e para quem está sempre tudo bem mas um dia, vá lá saber-se com, o gajinho lá descobriu que a sua Lady cheia de bons princípios afinal até postava umas fotos de gajos musculosos para desejar um bom Natal às suas seguidoras, até fazia uns posts a enumerar as caracteristicas masculinas que mais aprecia, eté arranjou um amigo com quem teve conversas sobre aspetos das vida intima, até ia almoçar lá no emprego com o colega que lhe arrasta a asa e até troca uns olhares sedutores com outros homens nos transportes públicos a caminho do emprego e sabe-se lá mais o quê.
O Zé que é um bocado aparvalhado, começou a lembrar-se de uma festa de Natal da empresa da sua esposa, ela que até é um bocado bicho do mato ou pelo menos assim o aparenta em frente dele, o certo é que começou a lembrar-se de como Matilde se lançou de olhos a brilhar e toda sorridente para cumprimentar um colega bem parecido, também o Zé já tinha tido direito a olhares daqueles com aquele brilho mas isso já tinha sido há uns bons anos, reparou também que já há algum tempo que lhe dizia que a amava mas não obtinha qualquer tipo de resposta, então o Zé começou a pensar, coisa que faz muito raramente e quando o faz, fá-lo (esta palavra soa-me sempre mal) de forma errada, será que é aquele o tipo que lhe arrasta a asa, ou será que é ela quem arrasta a asa, ou que pelo tempo que já passou, o arrastar de asa há muito que ficou para trás e as coisas já estão noutro patamar? Afinal, nem a malta dos transportes públicos lhe escapa, é certo que a Lady disse que nos transportes os olhares apenas servem para se sentir mulher e que perante algum avanço, este seria repelido mas também é certo que as coisas por vezes perdem o controlo, interrogou-se também porque é que ela precisa deste tipo de jogos de sedução se ele, o Zé, ao contrário dela, até continua a corteja-la, o Zé que não tem ninguém corteja-lo não sente necessidade de trocar olhares com outras mulheres para se sentir homem.
O casamento deles até nem atravessava por essa altura uma fase de romantismo, perante isto e sem que nada revelasse, o Zé no seu estilo aparvalhado decidiu questionar diretamente a Lady dos bons princípios, sobre os seus sentimentos relativamente a ele e se a frieza no casamento  significava a presença de alguém exterior à relação.
Perante as incertezas do Zé, a Matilde não pôde deixar de mostrar espanto e ficou até ofendida, quem é que ele se julga para por em causa a honra de uma senhora como ela? A Matilde negou com veemência que houvesse outra pessoa na sua vida e aproveitou para contra atacar realçando os defeitos do Zé.
Perante a indignação de Matilde, a conclusão a que se pode chegar facilmente é de que não há mais ninguém no seu coração a não ser o Zé e de que ela é uma Lady e de certeza que aqueles homens não serão por certo uns Zés, são de certeza absoluta uns Duartes defensores da moral e dos bons costumes, incapazes de seduzir uma senhora com tão elevados princípios morais.     
      

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